Yin/Yang, Brega/Phino

Forças Duais


Por Vini*

Recentemente, um amigo compartilhou comigo um pouco de sua sabedoria.
Ele me disse: “existem pessoas que nascem bregas”.
É verdade. Em alguns casos, a breguice é congênita e está impregnada
na pele. O problema é tão sério que deveria ser tratado como de saúde
pública. Como converter essas pessoas e livrá-los deste mal de que
padecem desde que nasceram?

A internet é uma ferramenta útil nesta empreitada. Tome-se este
cyberespaço como exemplo. Posts e posts com reflexões, histórias,
experiências em função de um bem maior, ou seja, a promoção da
phinesse entre os que escrevem e os que lêem. E este é apenas um
exemplo dentre os vários que a internet nos oferece.

Só que há o outro lado da moeda. A internet também serve como meio de
canal para a difusão das forças do mal, nossa grande inimiga, a
breguice.

Comecemos com o orkut. Eu não dou conta daquilo mais. Já fui fã,
usuário de carteirinha e já tive crises de abstinência quando cometi o
meu primeiro orkutcídio, medida drástica que tomei em razão do grande
vício que a rede se tornou. Voltei, usando de forma moderada. Saí e
não penso mais em voltar, porque não aguento. Confesso que não
aguento.

Eu não sei o que me dói mais: se são as fotos dos perfis ou os textos
do “about me”. Refletindo um pouco melhor, na verdade eu sei. O que me
dói mais são as fotos DENTRO do texto do perfil. E tem “about me” de
todo o jeito: com letra de música (brega), com textos do tipo “sou uma
pessoa muito legal, simpática que acredita em Deus” ou então quando o
namorado ou namorada “invade” (seriam bárbaros no orkut romano?) o
perfil do cônjuge para falar o quanto ama a “cara-metade” (usando já o
jargão brega) em textos como “fulaninha é dez”. Isso sem contar os
perfis conjuntos “Sr. & Sra. Brega – Para Sempre”, onde dois seres
humanos abrem mão de sua individualidade em favor de uma única conta
conjunta. É breguice demais para o meu coração, Brasil. Ele sofre.

E que fique bem claro não faço neste meu protesto qualquer vinculação
com condição social. A breguice não enxerga dinheiro ou divisão
marxista em classes. Para ela não importa se é A, B, C, D ou G. É uma
doença da alma, repito.

O leitor mais atento poderia argumentar: “mas, Vini, você não é
obrigado a conviver com essas pessoas”. Exato, não sou. Mas é muito
difícil manter um ambiente virtual sem elas. Invariavelmente você
conhece alguém que seja é e tem que manter algum tipo de contato
social, seja familiar, profissional, ou amigos em comum, por exemplo.
Tais relações tendem a ocorrer também no orkut e é difícil evitar. Por
isso, optei pela alternativa radical e saí.

Além disso, querido leitor, os bregas perseguem sem dó. Vez ou outra
alguém visita seu perfil e ainda, se você tiver azar, deixam um scrap
insólito que te faz olhar para os céus e perguntar: “Oh, meu Deus, por
quê?”

Fui para o Facebook. Poucos amigos, menos de 50. Mas confesso que já
estou estressando. Amigos começam a adicionar pessoas bregas e disso o
Facebook me informa, poluindo o meu NewsFeed. Sem contar os
comentários do tipo “beijos no coração” ou “saudade de sentir essa sua
energia boa” que amigos de amigos deixam e aparecem para eu ler. Tento
evitá-los ao máximo.

“Nossa, Vini, como você é chato. Vai morar numa ilha deserta, vai”.
Ah, se eu pudesse, em certos momentos, acho que iria.

Mas nem tudo está perdido. Ou quase. Temos o Twitter, onde você segue
quem quer e só deixa quem você também quer te seguir. Problema (1):
ter que seguir os bregas por educação – aquela mesmo problema do
orkut. Problema (2): ser apresentado a um brega enrustido, que só
depois, que você está seguindo surge como um avatar das forças do mal
em sua timeline. O dedo coça por unfollow, amigos, não tenham dúvida.
Problema (3): descamisados. Como no Twitter só tem uma imagem de
exibição, os indivíduos maximizam (ou ao menos tentam) sua capacidade
de atenção, exibindo fotos sem camisa. E olha que até quem não tem
corpo se arrisca nesta empreitada.
Pior que isso é só quando colocam sua própria imagem como background.
Breguice maior não há.

E no meio disso tudo temos o Photoshop. Existem pessoas que usam e
abusam, sem dominar a arte. São basicamente açogueiros que se passam
por cirurgiões plásticos, só que no mundo dos pixels e bytes. E
mostram com orgulho – o que é pior – para os outros breguinhas como
fazem bom uso da ferramenta.

Por fim, temos o MSN. Breguice instanânea. Outro dia recebi a seguinte
“cantada” (não sei
como definir tal proposta): “vamos para somewhere only we know”. Argh.
Quase precisei tomar um Dramin. Keane é brega.

Você pode até gostar do brega, como Keane, mas reconheça que é um
guilty pleasure. O problema não é gostar e sim negar a natureza brega
da coisa. Porque o brega e phino são Yin e Yang. Duas forças
antagonistas que estão a andar pelo mundo.

Um pouco de brega é necessário. Eu diria que tem uma certa função
lúdica, tomando o cuidado de se ter ciência da breguice. E não se pode
esquecer da Teoria da Dignidade como elemento de equilíbrio desta
equação.

O problema é que breguice não deve ser estilo de vida. E as redes
sociais estão aí para nos mostrar que muitos vivem assim, às escuras,
sem saber.

*Vini procura se esclarecer na arte da phinesse e compartilha seus
sucessos e insucessos aqui às quarta-feiras.

4 Comentários

Arquivado em etiqueta na rede, teoria da dignidade, Vini

4 Respostas para “Yin/Yang, Brega/Phino

  1. Jouviã

    sou o amigo brega… ouço Keane.

  2. Di

    Oi phinos,

    saudades de todos do coletivo!

    Beijos
    😉

  3. filipe

    mais brega que keane só coldplay e U2

  4. Di

    CADE VOCÊS PHINOS QUERIDOS??

    #voltemlogo

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