Sete dias no Nordeste -sem perder a classe

Andei de bugue em Natal, perdi muitos pontos na escala da phinesse, mas me mantive phino, apesar das dunas

Andei de bugue em Natal, perdi muitos pontos na escala da phinesse, mas me mantive phino, apesar das dunas

Por Rafa*

Se eu narrasse aqui a minha última sexta-feira, eu daria uma bela aula de phinesse pra todos vocês. Seria a lição definitiva de glamour: como espantar o mau-olhado, se vestir com classe, adotar os movimentos certos, etc, etc. Tudo isso em menos de 24 horas. O phino concentrado.

Mas como não quero criar inimizades maiores com os colegas e perder minha renda, melhor contar algo que aconteceu seis anos atrás. Afinal, ainda preciso pagar meu hotel e meus jantares em Berlim nas férias do ano vindouro.

Capítulo de hoje: como manter a phinesse durante sete dias em Natal, mais precisamente na casa do ex de seu namorado

Momento 1: os preparativos

Namorado avisa que vai passar as férias em Natal na casa do ex (que já está casado com outro). O que você faz? Chora, grita, esperneia e diz que NÃO, que ele não vai?

Nã, nã, ni, nã, não.

Você diz que sempre quis conhecer o Nordeste (mentira, você sempre odiou o Nordeste, Santa Catarina sempre te bastou) e que de repente consegue uma folga no seu estágio na editoria de política no meio das eleições (algo super fácil de se conseguir, não?).

Aí você vai lá, mente pro chefe, diz que ganhou uma passagem de uma amiga que trabalha numa companhia aérea (mentira, não ganhou porra nenhuma, você pagou pra sua cunhada que é comissária e tem passagens de graça; porém, seu namorado não conseguiu de graça pra ti).

Chefe é velhinho, bonzinho e te dá uma semana de folga.

Momento 2: as malas e o físico

Você só pode fazer esse tipo de viagem se estiver em forma e com roupas bacanas pra levar na mala. Sim, eu estava. Auto-estima em alta nessas horas é fundamental; ajuda a manter a classe. Vocês, então, embarcam na primeira viagem pra longe juntos (na econômica, claro), uma espécie de lua-de-mel na casa do ex dele. Sim, inclui andar de bugue nas dunas. U-hu!

Momento 3: o encontro com o passado de seu namorado

Pode parecer assustador, porque você não está apenas na casa do ex-namorado de seu par, mas na casa do ex-marido dele. Ou seja, eles dois viveram juntos sob o mesmo teto, e, como seu namorado tem só 23 anos, isso quer dizer que o ex dele tem grana. O lado bom pra você: ele é velho.

Aí você começa a se dar conta de que você é tão melhor, mas tão melhor, que nem precisa se preocupar. É mais bonito, a pele está boa, é inteligente e tem bom papo, apesar de novinho. Seu namorado percebe isso e te trata tão bem, mas tão bem, que você pensa: ainda bem que eu vim. “I’m the best, fuck the rest.”

Momento 4: a balada e seu namorado vestido de mulher

A coisa está tão boa entre você e seu namorado que ele acha que pode realizar uma fantasia, afinal está a quilômetros de casa: ir pra balada de Natal vestido de mulher. Ele propõe isso na frente de todo mundo. Você faz um escândalo e diz que NÃO? Questiona firme: nem pensar, que história é essa?

Nã, nã, ni, nã, não.

Você escolhe o melhor vestido na única loja phina da cidade e fica mais feminina e bonita que o namorado-drag?

Nã, nã, ni, nã, não.

Você se veste de você, com as suas melhores roupas. Abusa do branco para ressaltar o bronzeado discreto. Porque você é loiro, você é lindo e você é livre! De repente, você está solteiro no Nordeste e é gaúcho (e não desiste nunca!). Ou seja, é o mais bonito da festa, quiçá o mais lindo da cidade. Porque você é branquinho, mas não é gringo: tem malemolência.

Conclusão: TODOS quiseram me comer aquela dia. Infelizmente eu só tinha 22 anos e era um menino muito puro. (Ah se fosse hoje…)

Momento 5: namorado chora no seu colo o atual momento de vida do ex, que poderia ser ao lado dele

Você até dá uma corda no início da conversa, afinal, você é superior, mas depois ele começa a chorar.

Tudo tem limites, né?

Você phinamente se levanta da rede e vai dar uma volta na praia, estilo Tonha, uma nova mulher (para os mais novos, botar no google “novela Tieta” ou clica aqui). E pensa: gente, ele tá chorando porque o ex está em Natal, num sítio, comendo tapioca com o atual marido que tá gordo. Mais: criam animais e tem um papagaio. Mais ainda: moram em Natal, capital do RI-O GRAN-DE DO NOR-TE.

Você volta pra casa do ex de seu namorado, arruma as suas malas e espera os dias passarem. Não sem antes, claro, se hidratar com água de coco.

Fim da aula de phinesse.

Resultado prático de tudo isso: dali a dois meses você estará terminando o seu namoro com muita classe, sem alterações no tom de voz. Desnecessárias maiores explicações. E como você terá ganhado milhões de pontos na escala da phinesse por tudo o que viveu, de acordo com os preceitos da teoria da dignidade, você terá o direito de passar o rodo em todos os gatinhos da cidade.

E foi o que fiz.

*Rafa não tem mais 22 anos, mas ainda dá um bom caldo. Escreve aqui às segundas e não estará aceitando convites para praias paradisíacas, nem as do Caribe, muito menos as do Nordeste. Mas recebeu boas recomendações sobre o litoral de SP e pode ser arrastado para lá com certa facilidade.

9 Comentários

Arquivado em homem phino, Rafa, relaçã? sã?, teoria da dignidade

9 Respostas para “Sete dias no Nordeste -sem perder a classe

  1. Colega maluca 1

    Rafa, tu é muito phino! purificador para uma manhã de segunda-feira, dia em que a grossura domina soberana..

  2. Thielli

    Rafa, acompanho seu blog phino diariamente! E redobro a recomendação do litoral paulista. Ilhabela é phina, chique, cult, enfim, MARA!!! bjos..

  3. Ri muito. Muito. Muito. Santa Catarina também me basta, pessoa loira, linda e livre.

  4. vivi

    adooouro tua phinesse (ao menos ao escrever pro blog). no teu lugar, já teria feito chilique, me escabelado e dado pití só na iminência da pessoa ir pra casa do (a) ex.

    um dia chego lá.

  5. Dizem por aih que uma leitora tua, que viajou para o Nordeste essa semana, com possibilidades de encontrar o ex por lah, levou esse teu post na maletinha de primeiros-socorros…

  6. Fiquei curiosa. O que aconteceu com o ex. E o ex velho do ex? Espero que estejam todos gordos e comendo tapioca num sítio do Rio Grande do Norte.

  7. Maeli

    “vai dar uma volta na praia, estilo Tonha, uma nova mulher”

    ai…um dia chegarei lá?

  8. Colega maluca 1 e Thielli, obrigado pela preferência, dividir o meu lado phino com vocês é uma honra.

    Anna Martha, ria muito querida, mas também aplique os conceitos ensinados aqui neste wikiphino.

    vivi, você por acaso está insinuando que eu SÓ escrevo phino?

    Dany Darko, diz pra leitora que o Nordeste não é phino e que o esforço sempre será maior. Ela faz bem em imprimir este texto.

    Sextasessão, o ex virou amigo. Até autorização pra publicar o que aconteceu em Natal eu tive, pra tu ver o meu poder de convencimento…

    Maeli, nada vai acontecer sem muito, mas muito esforço. Siga nos lendo e aplique toda a teoria aqui ensinada. É batata!

    Beijos Brasil.

  9. Igor

    Estou admirado!
    E tem gente que acha que ser phino é andar de óculos escuros na Padre Chagas!
    😉

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